quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Um poeta sentiu compaixão...

Ela estava triste. E eu não conseguia entender porque. Tentava tirá-la daquele estado. Dava conselhos. Se era para sofrer daquele jeito, melhor partir para outra. E foi então que ela me ensinou uma lição que carrego até hoje: para quem ama, sempre será diferente. Pouco tempo depois, Renato diria a mesma coisa, com outras palavras: "quem irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?". Por isso dei a ela, de presente, este poema.

Balada de despedida dum amor imortal


Eu só queria ter o infinito
Que cabe num beijo teu.
Que faz do perverso, bendito;
De um pedaço de chão faz o céu.

Pr’a fazer do luar o meu canto,
uma estrela de meu coração.
P’ra que saibas que um dia amei tanto,
que um poeta sentiu compaixão.

É que amor também fere o peito
e o toque da dor vira chaga.
E o sonho - um dia perfeito -
se entrega, se curva e se apaga.

Mas pr’a nós há de ser diferente,
como sempre o é pr’a quem ama.
Sei: seremos loucura cadente,
um só ser, uma vida, uma chama.

E se assim não fosse, meu bravo Perseu,
de que me valeria esta verdade nua?
Pois já te fiz, ternamente, meu
como serei, eternamente, tua.

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