quarta-feira, 30 de julho de 2008

Estrela...

Sempre gostei de Gilberto Gil.
Mas nunca acompanhei sua obra com atenção que dedico a outros artistas, como o Chico Buarque, por exemplo.
Nos últimos anos resolvi corrigir essa injustiça.
E é incrível como há tanta coisa bela que a gente deixa de perceber, mas está bem ali, diante dos olhos (ou do ouvido, ou do coração...).
Percebi que o Gil é indiscutivelmente um artista grandioso. E sua obra é recheada das mais variadas temáticas e ritmos, para todos os gostos.
Ano passado me deparei com esta música, quando estava na academia, ouvindo o MP3 player:

"Estrela

Há de surgir
Uma estrela no céu
Cada vez que ocê sorrir
Há de apagar
Uma estrela no céu
Cada vez que ocê chorar
O contrário também
Bem que pode acontecer
De uma estrela brilhar
Quando a lágrima cair
Ou então
De uma estrela cadente se jogar
Só pra ver
A flor do seu sorriso se abrir
Hum!
Deus fará
Absurdos
Contanto que a vida
Seja assim
Sim
Um altar
Onde a gente celebre
Tudo o que Ele consentir"

É daquelas músicas que reforça minha convicção de que a vida vale a pena...

segunda-feira, 28 de julho de 2008

"Para que não mais exista amores servis..."

Uma das belas surpesas musicais que tive nos últimos meses foi a obra de Renato Braz.
Da emocionante interpretação de "Dulcinéia" ao sublime arranjo de "A Internacional".
Para os amantes da boa música, um tesouro, do qual retiro esta pérola, musicada por Renato, e escrita por Mayakovsky (numa versão de Caetano Veloso e Ney Costa Santos)

"O Amor

Talvez, quem sabe, um dia
Por uma alameda do zoológico
Ela também chegará
Ela que também amava os animais
Entrará sorridente assim como está
Na foto sobre a mesa
Ela é tão bonita
Ela é tão bonita que na certa
eles a ressuscitarão
O século 30 vencerá
O coração destroçado já
Pelas mesquinharias
Agora vamos alcançar
Tudo que não podemos amar na vida
Com o estrelar das noites inumeráveis
Ressuscita-me
Ainda que mais não seja
Porque sou poeta e ansiava o futuro
Ressuscita-me
Lutando contra as misérias do cotidiano
Ressuscita-me por isso
Ressuscita-me
Quero acabar de viver o que me cabe
Minha vida
Para que não mais exista amores servis
Ressuscita-me
Para que ninguém mais tenha
De sacrificar-se por uma casa ou um buraco
Ressuscita-me
Para que a partir de hoje
A partir de hoje
A família se transforme
E o pai
Seja, pelo menos, o universo
E a mãe
Seja, no mínimo, a terra
A terra, a terra"

OS PANAMENTALISTAS

Corria o ano de 1992.
Andréas Leão XIII, no centro de uma Teresina ainda romântica.
Éramos quatro: eu, Sebastião Renildo, José Ribeiro e Gilson Alves.
O que queríamos? Nada demais: uma desculpa para escrever.
Sebastião vez por outra era clássico, rebuscado.
Ribeiro quase sempe ultra-moderno, impactante.
Gilson, um pouco espiritualista.
Eu, entre a poesia e a prosa.
Mas no fundo, rejeitávamos os limites de estilo e de temática.
Nossa pauta era o mundo.
O melhor de tudo é que éramos um grupo menor,
de uma turma que marcaria nossas vidas, até hoje.
Éramos os panamentalistas...

"Proposta

Escrever além de tudo
E de tudo escrever além.
Eis a arte, a poesia:
retirar do mal, o bem

Belo, feio. Vida, morte.
É o contraste da vida.
Do fraco se faz o forte;
No nada o tudo habita.

É o Pan, o Absoluto.
Reflexo da Eternidade,
Verdade do Universo.

Já é tempo de ler o Tudo,
unir a Humanidade,
mostrar a força do Verbo."